Durante a pandemia tive a ingenuidade de escrever que poderíamos sair daquilo mais unidos. Estávamos todos no mesmo barco, entre restrições, saudades e espanto. Brancos e pretos, pobres e ricos, unidos na mesma desgraça mundial. Tentávamos ajudar o próximo, colávamos arco-íris nas janelas, batíamos palmas aos profissionais de saúde. E, no entanto, mal o pesadeloContinue a ler “Andamos zangados”
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Carta aberta ao presidente do Benfica
Caro Rui Costa, Venho por este meio expressar o meu repúdio à actuação da claque do Benfica no passado sábado (a qual não representa nem o espírito do clube, nem a massa associativa), bem como perguntar até quando é que o Benfica vai tolerar este tipo de comportamento. Bem sei que dizem que não éContinue a ler “Carta aberta ao presidente do Benfica”
Aconchego
Os meus bebés estão demasiado crescidos, mas ainda me pedem para ir deitá-los. Não se contentam com o aconchego dos lençóis e um beijinho. Tenho de me estender a seu lado, passear os dedos pelos seus cabelos, roçar a minha bochecha nas suas e despedir-me de cada um dos peluches que ainda lhes fazem companhia.Continue a ler “Aconchego”
O regresso das múmias
Saiu recentemente um livro de ensaios sobre a família e o seu papel na sociedade, que já vem com traças e tudo. Um livro que, aparentemente, visa traçar um perfil ético da vida em sociedade com textos de várias personalidades ligadas à direita conservadora e/ou à Igreja. Começamos logo mal, não é? Para traçar umContinue a ler “O regresso das múmias”
Bom dia , meu amor
Assim que abria os olhos, só lhe apetecia chorar, incrédula perante os algarismos que surgiam no ecrã do despertador. Seis e cinquenta. Não, não podia ser, se ainda há pouco se deitara, se o corpo ainda pedia descanso, se ainda agora tinha adormecido. Seis e cinquenta, gritavam os algarismos, indiferentes. É assim mesmo, o tempo,Continue a ler “Bom dia , meu amor”
A culpa é de todos
A culpa é de todos Ainda estamos todos um bocado em estado de choque com o resultado das eleições, não é? Ninguém assume que votou no Chega, mas ali estão eles, com 48 deputados e a terceira maior bancada parlamentar. Em setembro de 2020 alertei para os perigos de os subestimar, num artigo que continuaContinue a ler “A culpa é de todos”
Mulheres do Meu País
Portugal é um país cada vez mais pobre. A ilusão de pertencermos à elite europeia há muito se desvaneceu, sobretudo depois de um governo PS, que nos empurrou para as mãos da Troika e que persiste nas mesmas políticas que impedem o país de crescer. Nos dias que correm, tirando nos preços das casas eContinue a ler “Mulheres do Meu País”
Há que fazer-nos ao mar
«Há-que fazer-nos ao mar ou ficaremos cercados» diz o poema. Ficaremos pergunto? É que a meu ver, já estamos cercados e parece que poucos deram por isso. Já estamos cercados, sim, pelo marasmo. Os mais velhos trocaram as armas pelo queixume, deixando-se cair facilmente na nostalgia de gloriosos tempos passados. Tempos em que havia cantigasContinue a ler “Há que fazer-nos ao mar”
Dia de São Valentim
(conto escrito para o Clube das Mulheres Escritoras) Hoje não vou receber rosas. Nem bombons. Nem um jantar à luz das velas. Também não vou encontrar uma carta de amor na caixa do correio, nem um mísero postal em tons de rosa e vermelho, com o interior já escrito para que o remetente não percaContinue a ler “Dia de São Valentim”
Considerações sobre a minha ausência
Dizem que Janeiro é o mês mais longo do ano, que demora demasiado tempo a passar, com os seus dias escuros, frios e introspectivos. Pois eu, confesso que nem dei por ele. Aliás, ia jurar que ainda ontem tinha andado por aqui a escrevinhar, quando a verdade é que não publico nada desde o Natal.Continue a ler “Considerações sobre a minha ausência”