Carta aberta ao presidente do Benfica

Caro Rui Costa,

Venho por este meio expressar o meu repúdio à actuação da claque do Benfica no passado sábado (a qual não representa nem o espírito do clube, nem a massa associativa), bem como perguntar até quando é que o Benfica vai tolerar este tipo de comportamento. Bem sei que dizem que não é uma claque oficial, mas o que é certo é que os seus membros se comportam como donos e senhores, não só do Topo Sul, mas do próprio clube.

Como qualquer grupo criminoso organizado, esta claque tem uma liderança e convence a carneirada que os segue de que tudo o que fazem é por amor ao Benfica, pois mais ninguém sabe o que é esse amor, sem limites. Só que a verdade é que se comportam como aquele namorado ciumento que bate na namorada porque gosta demasiado dela e não se consegue controlar. Esquecem-se de um detalhe: nenhuma forma de amor contém violência.

Os membros desta claque estão constantemente envolvidos em crimes graves, como um que agora está em julgamento e que implica violação agravada, roubo, ofensas à integridade física, gravações ilícitas, coação agravada, desobediência, detenção de arma proibida e tráfico de estupefacientes. São pessoas que já foram julgadas por ataques com pedras ao autocarro da equipa, à casa de jogadores e treinadores e que se dão ao luxo de interromper um jogo atirando mais de 30 tochas para o relvado e gritando “o Benfica é nosso”. Não, meus caros, não é.

Não lhe estou a dar nenhuma novidade, bem sei, assistiu ao mesmo que eu, só que, ao contrário de mim, o Rui é presidente do maior clube de futebol do país. Daí a minha questão, à qual acrescento: quando é que o Benfica vai banir estes adeptos? Quando é que lhes vai retirar o título de sócio e interditar a sua entrada nas instalações do Clube? É que vocês, dirigentes, sabem muito bem quem eles são.

Nem o Benfica, nem qualquer outro clube, pode ficar refém de criminosos disfarçados de adeptos de futebol. E uma vez que as autoridades não conseguem dar conta do recado, a solução passa por todos os clubes se unirem e tomarem medidas sérias e drásticas para combater este flagelo. É inadmissível que estas pessoas continuem a entrar nos estádios portugueses e estrangeiros, continuem a rebentar tochas e petardos nas barbas dos seguranças em TODOS os jogos, continuem a pressionar dirigentes, treinadores e jogadores impunemente. Não se sabem comportar nem dentro, nem fora do estádio, vandalizam tudo por onde passam e amedrontam as pessoas comuns que só querem ir assistir a um jogo de futebol.

Não é a primeira vez que falo sobre este assunto e que faço este apelo. Só que parece que os anos passam e as coisas só pioram. Dos clubes, da Federação Portuguesa de Futebol, da Secretaria de Estado do Desporto e do Ministério da Administração Interna apenas chega o silêncio. Afinal, diga-me lá, Sr. Presidente: de que têm medo?

Atenciosamente,

Filipa Fonseca Silva

(Sócia fundadora e fiel adepta do SLB)

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