
A primeira vez que fui à Madeira foi em 1987. Não me lembro de grande coisa para além de dar uns mergulhos no Oceano, fazer um passeio por um jardim exótico e andar nos típicos cestos. Ainda assim, lembro-me de que foi bom. E uma das primeiras vezes que andei de avião. Enquanto viajei por conta dos meus pais, não voltámos a esta ilha e, quando comecei a viajar por conta própria, o destino acabava por perder sempre para lugares mais exóticos, como Marrocos ou as Caraíbas, ou mais cosmopolitas, como Nova Iorque ou Paris. Isto porque, até há bem pouco tempo, viajar para a Madeira era tão ou mais caro do que para qualquer um desses destinos. Foi preciso chegar a 2022 para voltar àquela que é justamente apelidada de «Pérola do Atlântico».
Foi como se fosse a primeira vez. Todo aquele verde, todas aquelas montanhas salpicadas de casinhas, todas aquelas bananeiras! O cheiro adocicado a flores, a água transparente, as levadas e as fajãs… O clima. As pessoas, sobretudo as pessoas. Que belos anfitriões são os Madeirenses, calorosos, educados e muito orgulhosos da sua terra. E com razão. Além dos lugares históricos e da indiscutível beleza natural, as casas são todas cuidadas, as estradas são todas óptimas, as ruas são todas limpas, os canteiros estão todos arranjados. Não apenas no Funchal. Em todo o lado.
Não querendo fazer deste artigo um guia de viagem, não posso deixar de destacar alguns dos sítios que visitei e que aconselho vivamente a quem quer que planeie ir até lá.
– Ponta do Sol. Que lugar incrível, como também o é a estalagem com o mesmo nome, perfeita para admirar o por-do-sol sobre o mar.
– Fajã dos Padres. Um dos lugares mais bonitos onde já estive e onde seguramente hei-de voltar.
-Levada dos Balcões. Embora tenha a certeza de que existem outras levadas mais impressionantes, esta foi escolhida por ter um grau de dificuldade fácil, ideal para ir com as crianças numa caminhada de menos de uma hora. A levada desemboca num miradouro inesperado onde os passarinhos vêm comer à mão.
– Seixal. Uma praia de areia negra, mas macia com um estilo muito descontraído. Os locais dizem que é «a mais linda terra do Norte» e eu concordo, embora não tenha conhecido todas as outras.
– Câmara de Lobos. Uma pitoresca vila piscatória, a fazer lembrar Itália, e onde há óptimos restaurantes (recomendo o Espadeiro, onde além de comer muito bem, bebi o melhor Mojito de sempre –de maracujá!).
Foram cinco dias de deslumbramento em que, por diversas vezes, me senti estúpida por não ter visitado a Madeira antes. Depois lembrei-me do início deste texto: até chegarem as low costs, era mais barato ir uma semana para as Caraíbas com tudo incluído do que cinco dias a um território do nosso próprio país. Todos os estrangeiros que durante décadas alimentaram o turismo da ilha deviam rir-se da estupidez dos portugueses continentais, sem saberem que nunca foi o desinteresse que nos apartou desta ilha. Antes os interesses económicos de uma determinada companhia aérea monopolista. Enfim, voltando ao que interessa: não deixem de visitar a Madeira! Eu certamente voltarei, até porque ficou muito por conhecer e já tenho dezenas de ideias para a próxima estadia. E muitas saudades.