Esta noite contei-vos uma história. Há muito que não o fazia. À medida que vocês crescem, este nosso ritual tem-se tornado cada vez mais espaçado. Passam-se semanas sem que me peçam uma história e sem que eu tome a iniciativa de vos oferecer uma.
Mas esta noite, apesar de impaciente porque na sala me esperava uma série empolgante, enquanto as palavras enchiam o quarto, comecei a sentir a voracidade do tempo, o que me fez abrandar o ritmo da leitura e saborear o momento como se fosse o último. Ou um dos últimos. Daqui a dois ou três anos, certamente não vão querer que vos conte histórias…
Quero recordar esta noite para sempre. Os três na cama do Tiago, a ler um conto do David Walliams, Isabel Cruel, ao som dos vossos bocejos e da ternura na minha voz.
