Educação contra o racismo

A propósito de uma notícia do momento, em que certa celebridade arrasou uma mulher que fez um comentário racista sobre os seus filhos, decidi escrever sobre o racismo, que é quase o mesmo que escrever sobre a estupidez humana. Bom, há tanto para dizer sobre a estupidez humana que o texto deve ser extenso, provavelmente com vários capítulos, pensarão alguns. Nada disso, descansem. O texto é breve, uma vez que não é preciso muito para arrasar ideologias ou crenças que não têm ponta por onde se pegue.

O racismo tem por base um sentimento de superioridade. Alguém que acha que o outro, devido à sua cor, etnia ou cultura, é menos inteligente, capaz ou digno dos mesmos direitos. Alguém que acha que o seu modo de vida e de ver o mundo é o único correcto e aceitável. Os seus valores, os únicos segundo os quais a sociedade se deve reger. Basicamente, alguém que se orgulha tanto do buraco onde vive, que não quer que nada mude. Vendo bem, se dependesse dos racistas, ainda estaríamos todos nas cavernas.

Note-se a palavra sentimento. Não é ciência, não é conhecimento. É um simples sentir, ou achar ou imaginar. Não tem qualquer fundamento racional (até porque racional é as pessoas evoluírem e mudarem e aprenderem com os outros) e o preconceito inerente ao mesmo não depende da geografia. Há e sempre houve indivíduos racistas em todos os pontos do globo, independentemente da cor da pele.

Acontece que, vivemos num momento histórico em que toda a gente se acha no direito de dizer o que lhe apetece, o que leva a que os racistas comecem a rastejar para fora dos buracos onde andaram escondidos (alguns chegando mesmo à presidência de países ditos civilizados), bradando aos quatro céus que têm o direito de pensar como quiserem. Ignoram que a questão é precisamente não pensarem. Se pensassem minimamente, obviamente não seriam racistas. Mas vá, imaginando que até pensam e que, ainda assim, se sentem superiores em relação a uma determinada minoria, podiam simplesmente não partilhar publicamente a sua crença, até porque é crime. Pelo menos em Portugal (Art.ª 240, nº2, alínea b) do Código Penal). O direito à liberdade de expressão de que o racista se tenta socorrer, esbarra logo com o direito à não discriminação da vítima.

Era só conseguirem manter este nadinha de informação nas suas cabeças vazias e coisa podia ficar por aqui. Os racistas quedavam-se no buraco com as suas crenças e o resto da humanidade pensante não teria de se preocupar com coisas absurdas como explicar a uma criança por que razão um adulto desconhecido se acha no direito de insultá-la ou explicar a um jovem qualificado por que foi preterido numa entrevista devido à cor da pele ou ao código postal. É que o racismo, tal como o machismo e outros tantos ismos, mata, fere, humilha. Por vezes com palavras, outras por actos. E, por andar de mãos dadas com a estupidez, a qual, como já referi diversas vezes, é infinita e em expansão, existirá até que se consiga instruir todos os ignorantes à face da terra, tarefa que, nos tempos que correm, parece cada vez mais difícil de alcançar, pois lá nos buracos há internet e os poucos neurónios que restam a estes indivíduos ficam em papa por excesso de horas em modo scroll num oceano de teorias supremacistas e outras conspirações.

Resta-nos manter a fé na educação e na cultura, armas de destruição maciça de todas as formas de estupidez. E, no entretanto, denunciar todo e qualquer caso de discriminação, nunca esquecendo que o mal se alimenta do silêncio.

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