Onde pára a Polícia?

Screenshot 2020-01-08 at 16.35.23.pngA morte de um jovem é sempre algo que me angustia, mas a morte por motivos fúteis enche-me de indignação. Não tenho lido muito sobre os casos do Pedro e do Giovani porque, enquanto mãe, são histórias que me tiram o sono. Mas há uma coisa que me deixa envergonhada no meio disto tudo: o ter de morrer alguém para que se revele a verdadeira dimensão dos problemas deste país.

No caso do Campo Grande, os criminosos, agora em prisão preventiva, tinham acabado de assaltar uma pessoa antes de matarem o Pedro e são suspeitos de outros 20 assaltos violentos na mesma zona num curto espaço de tempo. Portanto, há vinte assaltos violentos reportados (mesmo que não tenham sido feito pelos três atrasados mentais que mataram o Pedro), mas Polícia na área? Nem vê-la.

No caso de Bragança, é interessante saber que à uma da manhã de um sábado à noite, hora de fecho ou quase dos bares, no centro da cidade, há 15 covardes que fazem uma espera a três miúdos, batem-lhes com paus, eles fogem a correr e só às 4 da manhã é que alguém repara que um deles está estendido no chão de uma das principais avenidas do centro. Portanto, não só não há policia numa zona de bares à hora de fecho, hora típica dos bêbados e das confusões, como entre a uma e as 4 também não passou nenhuma autoridade por aquelas bandas,

Então, onde pára a polícia?

No meu bairro não é. Vivo aqui há dois anos, tenho uma estação de metro à porta, ando muito a pé pelo comércio local e nunca vi um único polícia por estas bandas. Nas esquadras também não, tendo em conta que uma queixa demora pelo menos uma hora a fazer, porque só há um ou dois agentes de serviço, e normalmente escrevem no teclado só com um dedo. Nas ruas do Barreiro tenho a certeza de que não estão, porque a minha avó de 84 anos foi assaltada três vezes nos últimos meses, dentro e fora da sua pequena loja de artesanato e Polícia nada.

Já sei! Estão na estradas! Nas estradas deste país há sempre um polícia, lá isso é verdade. Mas atenção! Não é nas estradas onde estão carros estacionados em cima do passeio, ou a causar outro tipo de problemas às pessoas que lá vivem ou trabalham. Nem naquelas onde se ignoram as passadeiras, onde se passam sinais vermelhos e stops. Não! Nada disso! Onde eles estão é naquelas estradas em que, pela dimensão e características, é muito fácil, à menor distracção, exceder o limite de velocidade. Umas boas “flashadas” por hora e está o dia feito, sem saírem do conforto da sua viatura, não é verdade?

A culpa não é deles, coitados. Não são eles que escolhem quantos agentes tem cada esquadra, quem vai para a rua, quem vai para as escolas, quem vai caçar multas, quem fica no café. Também sei que ganham uma miséria e cada vez têm mais medo de agir, não vá surgir um processo por excesso de violência. Mas se calhar se fossem mais e tivessem mais meios, pudessem estar mais presentes para as funções que realmente importam, neste caso, proteger a vida das pessoas.

Ah, mas espera! Isso é muito complicado. É que contratar mais agentes e dar-lhe mais meios, tal como acontece com os profissionais de saúde ou da educação, é coisa para não bater certo com défice zero e tal. Porque isso é que é importante. Os números. Não as pessoas. Somos um país maravilhoso, da Europa, está tudo bem, está sempre sol, somos o melhor destino turístico, paraíso para os estrangeiros que quiserem cá viver. Para quê gastar dinheiro na Saúde, na Segurança e na Educação dos portugueses?