Nós, mulheres, somos tendencialmente más umas para as outras. Através da arte de maldizer, gostamos de minimizar feitos e acentuar rivalidades que, na maior parte das vezes, apenas existem na nossa cabeça. Que está mais gorda, que está muito magra, que está cheia de rugas, que está mal vestida, que não se cuida, que deixaContinue a ler “Mulheres: da rivalidade à sororidade”
Category Archives: crónica
Escrever
Muitas vezes me perguntam quando é que descobri que queria escrever e a resposta costuma ser: quando era muito, muito pequenina. Sempre adorei livros e, bem antes de saber juntar as letras, folheava-os e inventava histórias conforme as ilustrações que via em cada página. Também era habitual fingir escrever contos, que não eram mais doContinue a ler “Escrever”
A Mercearia Portuguesa
A memória olfativa é mais duradoura do que qualquer outra. Tem o poder de nos transportar para momentos que irrompem de tal forma vívidos, que até parece que entrámos numa máquina do tempo. Não é por isso de estranhar que, volta e meia, lugares que visitámos há várias décadas, surjam inteirinhos à nossa frente comContinue a ler “A Mercearia Portuguesa”
Questões acessórias
A primeira vez que vi umas unhas de gel foi por volta do ano 2008. Estava à porta da agência onde tinha recentemente começado a trabalhar quando reparei nas unhas de uma colega, grossas e brilhantes, humanamente impossíveis. Seria cola UHU? Seriam seis camadas de verniz? Eu sempre pintei as unhas, mas aquilo não pareciaContinue a ler “Questões acessórias”
A Psicologia da Estupidez
As reacções à minha crónica sobre pessoas que ouvem música sem fones (e sem respeito por quem as rodeia) remeteu-me para um belíssimo livro intitulado «A Psicologia da Estupidez». Ainda que a grande maioria das pessoas tivesse reagido como seria de esperar de qualquer ser civilizado, isto é, concordando que a utilização de fones éContinue a ler “A Psicologia da Estupidez”
Usem Fones
No rescaldo da época balnear que agora termina, venho falar-vos de um novo flagelo com que me deparei em várias praias portuguesas e que podem dar cabo de um dia à beira-mar. Como se não nos bastassem o vento a levantar areia e chapéus-de-sol, as motas de água a zumbirem aos ouvidos como melgas ouContinue a ler “Usem Fones”
Domingo de Verão na cidade
O vento sopra exacerbado e quente nesta tarde lânguida de Agosto, levantando folhas, saias e cabelos, mas não o tempo, que passa devagar. Nas ruas ouve-se o silêncio dos lugares sem gente, que nem os poucos que se avistam debaixo do sol escaldante se atrevem a quebrar. Movem-se em gestos lentos, falam em baixo tom,Continue a ler “Domingo de Verão na cidade”
Procura-se melancia
Hoje venho falar sobre melancia. Não só porque é a minha fruta preferida, mas também por ser aquela que marca a estação estival, uma vez que é precisamente entre junho e setembro que se encontram os melhores exemplares. Encontram-se se tivermos a sorte de ter um vendedor de confiança, daqueles que rodam e apertam eContinue a ler “Procura-se melancia”
O pastel de nata
No outro dia comi um pastel de nata que me fez ouvir música clássica. Juro que é verdade. Enquanto mastigava, de olhos fechados, pareceu-me ouvir uma sinfonia, como na abertura de um filme épico. Talvez o prazer que estava a sentir tenha despoletado sentidos imaginários, não sei. Só sei que há muitos anos que nãoContinue a ler “O pastel de nata”
O pecado da eterna juventude
Quando era miúda, tive uma grande pancada pela Madonna. Eu ouvia os discos da Madonna, eu queria vestir-me como a Madonna (embora a minha mãe só o permitisse no Carnaval), eu tinha posters da Madonna na parede do quarto e, ao doze anos, quis cortar o cabelo curto como a Madonna, o que não correuContinue a ler “O pecado da eterna juventude”