Os melros

Uma das coisas que mais aprecio na Primavera é poder trabalhar com a janela aberta. Embora esteja na cidade, os carros, por aqui, escasseiam e os pássaros fazem-se ouvir claramente. Os que mais cantam são os melros.

Para grande pena minha, sou completamente ignorante no que a ornitologia diz respeito, mas sei reconhecer um melro, pela plumagem e pelo canto, porque, um dia, o meu avô Alberto me ensinou. Foi num fim-de-semana no Algarve, o único que me lembro de passar com ele. São pretos como os corvos, mas menos carrancudos e de bico laranja. O seu canto, uma constante melodia.

Aqui, onde vivo, há muitos melros. E papagaios verdes, mas esses não cantam, só palram e demasiado alto. O meu avô Alberto também tinha um papagaio verde, dos grandes. Chamava-se Charneco e sobreviveu-lhe vários anos.

Pela janela aberta, enquanto teço histórias e me debato com as palavras, oiço os melros. E ainda bem, porque assim lembro-me do meu avô Alberto, nem que seja por uns segundos.

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