Todos os anos tenho por hábito deixar aqui sugestões para presentes de Natal. Tento sempre apresentar marcas portuguesas ( como os óculos SKOG ), artistas emergentes (como a Super Van) ou ideias sustentáveis (como a Uma Árvore pela Floresta). Porém, este ano, tenho assistido com preocupação aos números da leitura em Portugal (e no mundo!), o que não me deixa outra alternativa senão sugerir que se aproveite a quadra para oferecer apenas livros.
É dramático assistir ao embrutecer da sociedade, visível nos fenómenos populistas emergentes, na falta de civismo e de educação, bem como no alheamento com que se vive o dia-a-dia de olhos fixados num ecrã. No metro, nas filas do supermercado, nas esplanadas, não há quem não esteja agarrado a um telefone, a consumir entretenimento fácil, notícias pela rama, instantes das vidas alheias, filtrados, enviesados, dissimulados. Pessoas que se julgam livres, mas que estão reféns de redes sociais que escolhem por eles o que devem ver, como se fossem crianças que não podem aceder a certos e determinados conteúdos, aniquilando o direito ao contraditório e ao pensamento discordante.
Oiço tantas vezes desculpas como «não tenho tempo para ler», soltadas por quem passa horas a saltitar de aplicação em aplicação… Ou «os livros são muito caros», por quem gasta dinheiro, sem pestanejar, em peças de roupa que não usa, em copos, em gasolina só porque não gosta de andar de transportes. Ou ainda «nunca entro numa livraria», quando, hoje em dia, a secção de livros de qualquer loja Continente é maior do que muitas livrarias. Já para não falar das bibliotecas ou de iniciativas de partilha de livros gratuita como a Cabine de Leitura, que se tem espalhado por vários pontos de Lisboa e do país.
Enfim, as pessoas assumem que não lêem (seja por que razão das apontadas acima for), mas se tiverem um livro à mão, se calhar, até o abrem e, com esse simples gesto, começam logo ali a abrir também horizontes (a não ser que se preparem para ler o Pedro Chagas Freitas ou o Gustavo Santos).
Não tem de se começar pelo Saramago (embora nos dias que correm, o Ensaio Sobre a Cegueira devesse ser leitura obrigatória), nem pelos clássicos como Os Maias. Podem começar por obras mais contemporâneas e que não exijam enormes níveis de concentração. O que importa é ler, mesmo que apenas 10 minutos por dia, e pôr os outros a ler também.
Assim, sem mais divagações, deixo as minhas sugestões, cujo único critério de selecção é serem os livros que também eu gostava de receber neste Natal.
Presunção à parte, claro, acrescento à lista… os meus!
Para o Pai: Amanhece na Cidade
Para a Mãe: O Estranho Ano de Vanessa M. Agora por apenas €7.50!!!
Para o Irmão: Os 30 – Nada É Como Sonhámos
Para a amiga grávida: Coisas Que Uma Mãe Descobre e de que ninguém fala
Para o amigo secreto: Odeio O Meu Chefe
Boas Festas e Boas Leituras!