Hoje, 23 de Abril, celebra-se o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, e acho que é uma óptima ocasião para fazer uma breve retrospectiva sobre o meu percurso literário, sobretudo para os meus leitores mais recentes.
Uma oportunidade também para agradecer a todos os que fizeram parte desta viagem. À minha primeira editora, Maria do Rosário Pedreira, e à Madalena Escourido sua assistente na Oficina do Livro; ao Eduardo Boavida e à Bárbara Soares que tão bem me receberam na Bertrand; à Leonor Rodrigues e à Rita Fazenda, minhas agentes ainda que brevemente, à Diana Garrido e a toda a equipa Penguin que me tem acompanhado nos últimos três anos; e por fim, à Marta Ferreira e à Porto Editora, que é a mais recente casa para a minha nova aventura infantil; a todos os meus leitores, pelo carinho ao longo destes anos, pela presença nos meus eventos e por me lerem com entusiasmo; às minhas irmãs do Clube das Mulheres Escritoras, que me retiraram da solidão; à minha família que está sempre na fila da frente para me apoiar; e claro, à pessoa que nunca, mas nunca, me deixa desistir , o meu marido e melhor amigo, Hugo Janes. ❤️












Os livros são muitos e pode dar a ideia de que gozo de um enorme sucesso e prosperidade. Não é verdade. O mercado português é tão pequeno e a percentagem de direitos de autor que nós recebemos é tão baixa que, mesmo com esta quantidade de livros publicados, ainda não consigo viver apenas da escrita. Não há apoios para os escritores, não há bolsas suficinetes, nem residências pagas. Se não tivesse com quem partilhar as despesas do dia-a-dia, dificilmente teria conseguido produzir tanto. Pode não parecer, no filtro ilusório das redes sociais, mas ainda tenho de me dedicar a outras coisas para pagar as contas. E se apareço muito é porque, hoje em dia, são os autores que têm de se promover e correr atrás de eventos, em vez de estar a escrever. Os que não sabem ou não gostam deste tipo de visibilidade, dificilmente conseguirão vender o que quer que seja. E se não vendem, as editoras não os querem publicar.
É o país que temos. Um país onde a cultura é considerada um bem supérfulo e os livros um luxo para as elites. Onde as bibliotecas têm espólios datados e horários incompatíveis com quem tem de trabalhar. Onde ainda há quem convide os autores para eventos e espere não pagar nada. A solução? Pôr mais pessoas a ler. Ainda há muito espaço para novos leitores no país com os índices de leitura mais baixos da OCDE. Ainda há espaço para fazer do livro um bem essencial e promovê-lo como ferramenta para uma sociedade mais esclarecida, empática e criativa.
Por isso, hoje, comprem um livro, de preferência de um autor português e que esteja vivo. Os mortos já não precisam de pagar contas.
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