Leio o Expresso desde os 14 anos, ou seja há quase 30. Gosto do formato, gosto da periodicidade e gosto do rigor jornalístico. Começo a achar, no entanto, que talvez deva deixar de fazê-lo. É que tenho vindo a aperceber-me de que este há muito que deixou de reflectir a sociedade onde vivemos, persistindo numa visão claramente patriarcal.
Se não, vejamos. É um jornal feito maioritariamente por homens, brancos, maiores de 45 anos, onde as mulheres não ascendem a lugares de chefia nem são dignas de figurar nas fichas técnicas (exceção feita a Paula Santos), cujos cronistas semanais são todos homens, excepto a Clara Ferreira Alves, cujas colunas de opinião têm um racio igual, e que esta semana lança um suplemento sobre “50 personalidades que marcaram + 50 que vão marcar o país e o mundo”, com um primeiro volume que nos traz 16 homens notáveis, mas apenas quatro mulheres.
Se o Expresso quer continuar a ser um dos pilares do jornalismo de qualidade, que tanta falta faz ao país e à democracia, talvez devesse repensar a sua noção representatividade. A não ser que queria continuar a falar apenas para a parte da sociedade interessada em manter o status quo.

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