E eis que chega a minha altura do ano preferida, com ou sem Covid, com ou sem Estado de Emergência: o Natal. Este ano não tenho deambulado muito pelas livrarias, confesso, mas continuo atenta às novidades e já tenho uma lista imensa de livros que gostava de dar e (sobretudo!) de receber.
Com tanta clausura que ainda teremos de enfrentar até voltarmos a uma certa normalidade, tempo não faltará para pôr as leituras em dia e um livro, quanto a mim, continua a ser o melhor presente do mundo. Porque como disse Marguerite Duras, «Caminhais em direcção da solidão. Eu, não, eu tenho os livros.».
Ficção

Rapariga, Mulher, Outra de Bernardine Evaristo
As doze personagens centrais deste romance a várias vozes levam vidas muito diferentes: desde Amma, uma dramaturga cujo trabalho artístico frequentemente explora a sua identidade lésbica negra, à sua amiga de infância, Shirley, professora, exausta de décadas de trabalho nas escolas subfinanciadas de Londres; a Carole, uma das ex-alunas de Shirley, agora uma bem-sucedida gestora de fundos de investimento, ou a mãe desta, Bummi, uma empregada doméstica que se preocupa com o renegar das raízes africanas por parte da filha.
Quase todas elas mulheres, negras e, de uma maneira ou de outra, resultado do legado do império colonial britânico. As suas histórias, a das suas famílias, amigos e amantes, compõem um retrato multifacetado e realista dos nossos dias, de uma sociedade multicultural que se confronta com a herança do seu passado e luta contra as contradições do presente.

A Alma Perdida de Olga Tokarczuk
Era uma vez um homem que vivia tão apressado que, sem dar por isso, perdeu a alma. Continuava a andar, a dormir, a comer, a trabalhar e até jogava ténis. Mas, às vezes, tinha uma sensação estranha. Um dia sentiu dificuldade em respirar e deixou de saber quem era. Depois de uma consulta médica, tomou uma decisão que lhe mudou a vida.
A Alma Perdida é uma obra-prima de duas importantes autoras polacas premiadas: Olga Tokarczuk, vencedora do Prémio Nobel de Literatura e do Booker Prize (2018), e Joanna Concejo, vencedora do Livro do Ano pelo IBBY (2013) e Menção Especial do Bologna Ragazzi Award (2018).

Quichotte de Salman Rushdie
Inspirado pelo clássico de Cervantes, Sam DuChamp, um medíocre autor de livros de espionagem, cria Quichotte, um cortês e apatetado vendedor ambulante obcecado pela televisão que é vítima de uma paixão impossível por uma estrela de TV. Acompanhado pelo seu filho (imaginário) Sancho, Quichotte empreende uma picaresca busca pela América a fim de se mostrar digno da sua mão, arrostando valorosamente com os tragicómicos perigos de uma era em que Tudo-Pode-Acontecer. Entretanto, o seu criador, que vive uma crise de meia-idade, enfrenta igualmente os seus imperiosos desafios.
Não ficção

Monstros Fabulosos de Alberto Manguel
Desde a infância, há personagens de livros que começam a fazer parte da vida de quem gosta de ler. Depois, e apesar de nós, os leitores, envelhecermos, e de elas, as personagens, teoricamente ficarem na mesma, vão crescendo connosco, sofrendo mutações, fazendo companhia a outras que vão surgindo e ganhando significado para lá dos livros de onde saíram, como amigos de longa data com quem se partilha experiências e emoções. O bibliófilo Alberto Manguel apresenta neste livro, com erudição e humor, mais de 30 das suas personagens preferidas, desde o Jim de Huckleberry Finn ao monstro de Frankenstein, passando pela Capuchinho Vermelho ou pelo marido da Madame Bovary. Através desta partilha, desafia cada leitor a explorar as suas relações pessoais com este tipo de «monstros» imortais e amorosos, e com o tanto que estes transportam em si da condição humana.

As 100 Melhores Crónicas de Miguel Esteves Cardoso
Miguel Esteves Cardoso publicou mais de 13 mil crónicas. Estas são algumas daquelas que mais vezes foram fotocopiadas e coladas em cadernos ou roupeiros, as que motivaram mais telefonemas, discussões, namoros e até casamentos, as que vezes sem conta foram enviadas por e-mail e partilhadas nas redes sociais, por nos terem feito rir ou chorar – por, ao lê-las, termos sentido, como só MEC nos faz sentir, que «é mesmo isto».

Amália, nas suas palavras de Amália Rodrigues e Manuel da Fonseca
Em 1973, a Editora Arcádia encarregou o escritor Manuel da Fonseca de escrever uma biografia de Amália Rodrigues. A ideia parecia genial – pôr um escritor famoso e conhecido pela sua militância comunista a traçar o perfil daquela que era então considerada o ícone do Fado e um dos «pilares» da propaganda do Regime. Essa biografia nunca foi escrita, mas ficaram gravadas longas horas de conversa entre os dois, quer na casa da Rua de São Bento, quer na herdade que Amália tinha no Brejão. Entretanto, a Arcádia acabou e as gravações ficaram esquecidas. Até hoje…
Infantil

Todos Devemos Ser Feministas de Chimamanda Ngozi Adichie
Além de ser uma escritora notável e um modelo para as novas gerações, Chimamanda Ngozi Adichie é uma voz do feminismo e uma defensora da igualdade e dos direitos humanos. A sua palestra Todos Devemos Ser Feministas deu origem a um livro e, agora, a esta edição ilustrada e adaptada ao público mais jovem.

O Livro Sem Bonecos de B. J. Novak
De uma simplicidade extrema e uma admirável imaginação, O Livro Sem Bonecos provoca o riso de cada vez que é aberto. As crianças irão pedir para ouvir uma e outra vez. O Livro Sem Bonecos proporciona uma experiência de muita alegria e partilha – incutindo nas crianças a poderosa ideia de que a palavra escrita pode ser uma interminável fonte de prazer e diversão.

O que Vamos Construir de Oliver Jeffers
Uma novidade do premiado ilustrador Oliver Jeffers, o meu ilustrador infantil preferido, para enternecer e maravilhar leitores de todas as idades.
Os tempos podem ser incertos e até intimidantes, mas o futuro está por construir e de mãos dadas reunimos as ferramentas necessárias: amor, imaginação, coragem e um pouco de magia.
E vocês, queridos leitores, que livros gostariam de receber neste Natal? Podem deixar as vossas sugestões nos comentários. 😉