A selecção feminina de futsal sub-19 sagrou-se campeã nos Jogos Olímpicos da Juventude. Ganhou por 4-1 e deu o primeiro título colectivo de sempre a Portugal nesta competição. A marcadora dos quatro golos, Ana Sofia Simões Gonçalves, mais conhecida como Fifó, foi a atleta mais jovem de sempre a integrar uma selecção portuguesa, aos 16 anos, ultrapassando Ronaldo e Ricardinho.
Tanto motivo de orgulho e, no entanto, nem um diário generalista faz menção do feito nas suas capas nem nos seus sites, onde se tem de fazer três minutos de scroll down até encontrar a notícia perdida nos final da página. Os desportivos têm todos uma chamada de capa para a notícia, que depois é remetida para as páginas vinte e tal, mas só O Jogo dá destaque no seu site. Para todos os outros jornais desportivos é mais importante o caso dos emails do Benfica, a antevisão do jogo com o Sertanense ou o facto do Barcelona estar disposto a pagar 220 milhões para recuperar Neymar…
Bem sei que qualquer modalidade desportiva que não seja o futebol não tem qualquer destaque mediático neste nosso país enviesado. Mas tenho a certeza de que o destaque seria outro se fosse a seleção nacional de futsal masculino. Aliás, o facto de Frederico Morais, o nosso único surfista no circuito mundial, ter passado a primeira etapa em Peniche (note-se que não ganhou nada, só passou uma etapa por mais mérito que tenha – e tem) teve muito mais destaque nos noticiários desta manhã, com direito a reportagem completa e entrevistas, do que o ouro olímpico destas super miúdas.
Ou seja, quem ainda se questiona para que servem os movimentos feministas ou acha que as mulheres andam todas histéricas com a história do empoderamento e igualdade, tem aqui factos que podem ajudar a perceber a sua necessidade. Enquanto os feitos, desportivos, artísticos ou outros, das mulheres continuarem a ser apenas uma nota de rodapé, é preciso lutar. E muito.
Filipa Fonseca Silva 