Eis que mais um ano chega ao fim, o que inevitavelmente me impele a fazer um balanço de tudo o que me aconteceu. Ainda antes de reflectir sobre ele, sei que foi um ano fantástico, porque as boas notícias foram mais do que as más, as pessoas que entraram na minha vida foram em maior número do que as que saíram, e os momentos de celebração superaram os de angústia. Só isso é suficiente para me sentir profundamente afortunada e olhar para os últimos 12 meses com um enorme sorriso.
Foi um ano de viagens.
Comecei em Janeiro com um passeio a dois pela Costa Rica, onde aprendi a surfar e reaprendi a desacelerar. No verão, fui descobrir mais algumas ilhas dos Açores, Pico, São Jorge e Terceira, numas férias em família, atribuladas mas cheias coisas boas. E para terminar o ano, viajei sozinha até Praga, onde estive numa residência literária que me permitiu escrever, mas sobretudo ser só eu, sem horários nem obrigações.
Foi um ano de lançamentos.
Primeiro, a coletânea de contos «O Sono Delas», em co-autoria com outras escritoras portuguesas, num projecto que visa sensibilizar os leitores para a importância de dormir bem. Depois, o lançamento da primeira revista do Clube das Mulheres Escritoras, numa festa inesquecível onde celebrámos também o nosso primeiro ano. Por fim, o lançamento do meu oitavo livro, «Admirável Mundo Verde», um romance tão importante nos dias que correm, e que espero que venha abrir o debate sobre questões fundamentais para a nossa sobrevivência.
Foi um ano com muitos eventos.
Comecei no prestigiado festival literário Correntes d’Escritas, mas passei também pelo festival Literário do Fundão, a Feira do Livro de Lisboa, o FALA em Alcanena, o Book 2.0, a Festa do Livro de Belém, a Festa do Livro da Amadora e fiz ainda várias apresentações do novo livro no Porto, Coimbra, Torres Novas, Lisboa, Faro e Angra do Heroísmo. Em todos eles pude conversar com os meus leitores e com pessoas que nunca me leram, mas que foram ouvir-me falar de livros, de escrita, de ecologia, de idadismo, e de liberdade. Ao contrário de muitos autores, que são introvertidos e não gostam de falar em público, eu gosto mesmo muito de conhecer quem me lê, de partilhar ideias, de incentivar a leitura. Espero que 2025 me traga mais oportunidades para o fazer.
Foi um ano de notícias incríveis.
Como saber que «E Se Eu Morrer Amanhã?» foi um dos 5 finalistas de livro do ano Bertrand e vai ser publicado no Brasil em Março de 2025. Como ver «O Elevador» a chegar à 3ª edição e a ser adaptado para cinema, numa curta que teve estreia em sala e que está agora disponível no Youtube. Como saber que em apenas um mês esta curta teve perto de 45 mil visualizações. E ainda ver o Clube das Mulheres Escritoras nomeado para um prémio ao fim de apenas um ano e meio de existência.
Foi um ano de novas amizades.
Sim, porque o clube das Mulheres Escritoras é um movimento muito maior do que qualquer uma de nós, e tem-me dado a oportunidade de conhecer mulheres incríveis, que se tornaram amigas de verdade, compensando outras amizades que foram ficando pelo caminho.
E também foi o ano que perdemos todos uma pessoa muito querida e inspiradora, como o Pedro Sobral. O ano em que olhei muitas vezes para a minha conta bancária com angústia, porque todas as coisas maravilhosas que acontecem no mundo dos livros, não são proporcionais ao dinheiro que ganho com eles (além de que viver em Lisboa com dois filhos não é para escritores). O ano em que tive de me afastar dos noticiários, por não aguentar tanto sofrimento, sobretudo em Gaza, mas também em outros tantos lugares. O ano em que a minha eco-ansiedade aumentou, bem como a desesperança na humanidade.
No entanto, como disse no início deste texto, não posso queixar-me. Recebi muito mais do que aquilo que perdi, e só me resta despedir-me de 2024 com alegria e gratidão, lembrando o quão importante é celebrarmos sempre as nossas conquistas, por mais pequenas que pareçam, e não subestimar as nossas derrotas, pois são elas o combustível da reinvenção e da resiliência.
Até para o ano!

Deixe um comentário