Já ninguém quer ficar a ver a Lua.
Erguer o queixo para se perder no infinito, pensamentos em gravidade zero, sem hora para regressar.
Agora, à janela, num banco de jardim, no areal deserto, num carro em viagem, o brilho onde nos retemos vem de um pedaço de plástico, que nos impede de sonhar os nossos próprios sonhos. Que nos torna reféns de vidas paralelas, de coisas que nunca teremos, de um universo artificial onde não cabe a quietude.
Já ninguém quer ficar ver a Lua.
Há déficit de sonhadores.
Pois eu resisto e continuo a deixar-me enfeitiçar como nos tempos em que lhe chamava Bába. Não há coisa mais bonita.

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