Se é para isto, não me convidem

Há música que mexe com o meu sistema nervoso. No mau sentido, note-se. O Pop em geral e os anos 80 em particular, por exemplo. Claro que, como em qualquer regra, há excepções e já dei comigo a dançar e a cantar muito êxito digno daquelas coletâneas que saiam por altura do Natal. Porém, o mais provável é sentir os ouvidos a sangrar aos primeiros acordes de alguns clássicos da década dos enchumaços e do néon. Não sei bem explicar, mas há qualquer coisa nos sintetizadores ou na batida repetitiva ou nos solos de guitarra ou nos saxofones ou nisso tudo junto, que me faz revirar os olhos e desejar ter um aparelho auditivo que pudesse desligar. Acontece muito nos táxis.

Não julguem que sou uma snob da música alternativa ou que sou muito entendida na matéria. Nada disso. Adoro música, oiço muita música desde miúda e, graças ao meu pai, cresci a ouvir de tudo. Com oito anos tanto cantarolava músicas do Caetano Veloso e do Chico Buarque, como êxitos dos Beatles e, claro, da Madonna, do Michael Jackson e de outros ídolos Pop da altura. Tenho várias playlists no Spotify e acreditem que são todas muito ecléticas e baseadas em artistas bastante mainstream. O que não encontrarão por lá são bandas queridas por muitos (desculpem) como Men at Work, Genesis, A-ha, Erasure, Journey, Supertramp, Pet-shop Boys, Marillion, Dire Straits, UB40 ou Frankie Goes to Hollywood (se bem que o nome desta banda é muito bom). E podia enumerar mais umas, só que já me está a dar uma certa urticária e temo ficar com as músicas na cabeça só por nomear os seus títulos (pesadelo).

Sei que tenho vários leitores que vão ficar chocados e talvez um pouco magoados, mas na minha opinião, no que à música diz respeito, os anos 80 tiveram algumas coisas muito boas e demasiadas coisas muito más. O que faz com que me seja difícil compreender a moda dos remixes com êxitos dessa altura e (igualmente mau) com a dance music dos anos 90.  Na rádio ouço cada vez mais músicas recentes com refrãos ou batidas da época e, nas minhas parcas saídas à noite, tenho ouvido coisas como The Rhythm of the Night ou Show me Love o que me transporta, por momentos, para discoteca d’Os Franceses em 1994 (referência barreirense, desculpem). E se há quem possa achar que isso é bom, viajar no tempo, relembrar a infância e a adolescência através da música, para mim não é, visto que, já naquela altura, me era penoso ouvir e ficava estupefacta com os cenários e indumentárias apresentados nos respectivos telediscos.  Enfim, gostos não se discutem, mas se é para isto, não me convidem.